
Nossa existência lembra o riacho buscando o mar.
Surgem pedras, barreiras e obstáculos.
Riacho inteligente contorna, assimila, passa por cima, passa por baixo,
sempre encontrando um jeito de prosseguir.
Porque o mar chama, convida. Porque o mar é seu endereço final.
Riacho bobo fica rodeando a pedra, o desafio, a barreira.
O rio atinge suas metas, porque aprende a superar dificuldades.
Continuar navegando é perseverar quando a maioria desiste.
É sulcar as águas, quando outros já ancoraram.
É chutar longe a tristeza, fazendo um pacto sagrado com a paz.
Continuar navegando é embeber-se de infinitos,
na coragem de quem enfrenta o impossível.
É o mergulho fundo de quem atravessa a casca.
É insistir no válido e nobre, quando outros desalentam.
É colher trigo bom, num campo atapetado de joio.
É ser jovial face aos problemas, indulgente com os menos prendados,
afável com os mais velhos e irmãos de todos.
Continuar navegando é construir templos de fraternidade,
com as pedras que jogam em nossos telhados.
É suar a camiseta quando a maioria já saiu de campo.
É recomeçar, cada dia, mesmo que seja sobre ruínas e cinzas.
Fixando as flores, esquecendo os espinhos. Fazendo da vida uma prece.
Continuar navegando é falar palavras mansas,
florir ternura, onde outros praguejam.
É dar voto de confiança, onde a maioria descrê e se acovarda.
É divinizar o humano e espiritualizar o terreno,
pendurando sorrisos de alegria e gratidão até nos galhos secos do cotidiano.
É retornar às fontes da simplicidade, cultivando o silêncio como se fosse um oratório,
sempre e em tudo, com a profunda vontade de ser.
Cantar, crescer, servir e amar.
Autor: Roque Schneider
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